O ex-comandante da Marinha Almir Garnier classificou como "surreal" a informação de que haveria, dentro das Forças Armadas, um plano para prender o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes da posse.

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10/6), Garnier negou qualquer participação ou conhecimento prévio sobre supostas tratativas nesse sentido, reveladas durante a investigação sobre tentativa de golpe de Estado.

O questionamento foi feito pelo ministro Luiz Fux, que buscava esclarecer se Garnier esteve em alguma reunião em que esse tipo de proposta tivesse sido debatida. "Eu gostaria de saber, em primeiro lugar: o senhor participou de alguma reunião em que um dos integrantes da cúpula das Forças Armadas ameaçou prender o presidente da República?", perguntou o magistrado.

"Não, senhor", respondeu Garnier de forma direta. "Ouviu falar sobre isso?", insistiu Fux. O ex-comandante respondeu que sim, mas apenas pela imprensa. "Ouvi na imprensa. Até achei... Se o senhor me permite, achei surreal. Não faz parte das normas das Forças Armadas, da hierarquia, da disciplina, uma atitude dessa natureza, com esse contexto", disse. 

Na sequência, Fux voltou a abordar a suposta colocação das tropas da Marinha à disposição de Jair Bolsonaro (PL), ideia atribuída ao ex-comandante nos depoimentos de outros envolvidos na investigação. Garnier negou ter feito tal afirmação. "Senhor ministro, eu nunca usei essa expressão". 

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O ex-comandante reafirmou, em diversos trechos do depoimento, que não houve deliberações nem ordens por parte de Jair Bolsonaro para ações de ruptura institucional. Disse que as reuniões eram marcadas por análises de conjuntura e preocupações com a estabilidade, mas que nenhuma decisão foi tomada.

As declarações de Garnier acontecem na esteira da série de depoimentos colhidos pelo STF nesta semana, que incluem o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros militares e outros integrantes do antigo governo.

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