Ramagem diz que texto sobre urnas era 'privado' e que não compartilhou
Ramagem alega que o termo 'senhor', que se direcionaria a Bolsonaro, foi apenas para concatenar ideias, mas que nunca enviou a mensagem a ninguém
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Siga noO deputado federal e delegado federal licenciado, Alexandre Ramagem (PL-RJ), negou ter enviado, a qualquer pessoa, inclusive ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um texto de sua autoria que dizia ter certeza que houve fraude nas urnas nas eleições de 2018. Ele alegou que o conteúdo era "privado" e "apenas para concatenar ideias".
Durante o depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (9/6), sobre a tentativa de golpe de Estado, o ministro Alexandre de Moraes leu o seguinte documento encontrado em aparelhos apreendidos de Ramagem.
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"Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza que houve fraude na eleição de 2018, com vitória do senhor no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos. O argumento da anulação de votos não teria esse alcance todo. Entendo que argumento de anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas", escreveu o deputado.
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O documento, alegou Ramagem, era privado e não foi enviado a ninguém. "São documentos privados meus, que não fiz difusão, nem encaminhamento nenhum. Eram anotações, diversas e diversas anotações", afirmou.
Moraes então indaga o motivo da "mensagem se direcionar ao então presidente", já que faz uso do vocativo "senhor" em referência ao presidente Bolsonaro. Ramagem responde que foi apenas uma forma estilística para facilitar o desenvolvimento das ideias.
"Ela (a mensagem) se direciona porque a forma de concatenar as ideias é sempre questão de diálogo. Isso não quer dizer que eu enviei a ele ou conversei com ele", justificou o parlamentar.
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O próprio Ramagem afirmou que a Polícia Federal indicou que ele teria enviado o texto para Bolsonaro, mas que, na realidade, ele havia partilhado um vídeo de cerca de dez minutos com o ex-presidente no qual era tratado sobre a importância de atualização e checagem da seguranças das urnas eletrônicas.
Moraes também perguntou ao interrogado se ele, que foi diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), tinha alguma prova que justificasse tal desconfiança com as urnas, ao que o deputado tergiversa e afirma que o "documento é uma desconfiança privada minha".
Ramagem é o segundo dos réus a ser interrogado no julgamento que investiga a tentativa de golpe. Antes dele, o ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, falou para a Suprema Corte.