AUTORRELATO DE VIOLÊNCIA

Cerca de 10% dos idosos já sofreram algum tipo de abuso, aponta pesquisa

Áreas urbanas lideram casos, conforme pesquisa em Saúde Pública da UFMG. Mulheres estão mais vulneráveis e a violência psicológica preocupa

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No Brasil um a cada dez idosos relatam já ter sofrido algum tipo de violência, em ambos os sexos, principalmente o abuso psicológico. Estes dados foram afirmados pelo estudo pioneiro na área, “Fatores associados ao autorrelato de violência contra a pessoa idosa”, realizado pela pesquisadora Fabiana Martins Dias de Andrade no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública.

Fabiana afirma seu interesse no cuidado às pessoas idosas desde cedo, formada em enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG, ela afirmou já ter participado de projetos de extensão e Ligas Acadêmicas na graduação, assim como, disciplinas que complementam o conhecimento no tema. “Quando eu tive a oportunidade de trabalhar o tema da violência, eu quis escolher esta população, justamente por ser um grupo em crescimento no Brasil, mais vulnerável e ainda hoje temos um número baixo de políticas públicas específicas”. 

A análise destacou uma maior prevalência de violência contra a população idosa do sexo feminino, onde 11,09% já foi vitima de algum tipo de abuso. Em ambos os sexos a violência psicológica foi registrada em 9,63% dos idosos, seguido de 1,56% de violência física. Além do gênero, os principais fatores relatados para a violência contra a pessoa idosa (VI) foram a idade, onde a população de 60 a 69 provou-se mais vulnerável, assim como residir em áreas urbanas, apresentar sintomas depressivos e possuir multimorbidades.



Para as mulheres idosas, não ter um parceiro íntimo se mostrou um fator de atenção para a violência, diferente do que ocorre com mulheres mais novas. Para aquelas que moram em áreas urbanas, a violência foi relatada em 11,55% dos casos em comparação aos 7,63% que moram em área rural. Para os homens a diferença diminui com 9,07% em áreas urbanas e 7% na zona rural.          

Para além da violência psicológica e física, foi relatado a violência sexual sendo a de menor prevalência, relatado por 0,20% dos idosos de ambos os sexos. Porém, relatada majoritariamente por mulheres, onde 0,27% foram vítimas, em comparação aos 0,07% referente aos homens.

Inovador

O trabalho de Fabiana Martins é inovador ao abordar de forma estratificada, os fatores e a prevalência da VI. Possibilitada pela coleta de dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019. A PNS coletou os dados a partir de um questionário, que foi respondido por 22.728 idosos. 

A análise destes dados pôde promover uma melhor compreensão sobre o tema, origem e causas da violência, no entanto, a pesquisadora afirma ser importante estudar formas de pesquisar este agravo, pois acredita que a prevalência de violência é maior do que a que foi obtida com este estudo.

Fabiana relatou que dados do SINAN (Sistema de Informações de Agravos de Notificação), já apontam que a violência contra os idosos está sempre ascendente, ela afirma que se mantivermos as políticas destinadas aos idosos como está hoje, é impossível imaginar que a situação melhore no futuro. 

“O Brasil possui a Política Nacional do Idoso, mas ela está defasada, é necessário repensar e por o idoso no centro destas políticas, para poder assegurar para todos uma terceira idade de maior conforto e atividade”, enfatizou Fabiana.

Vulnerabilidade em instituições de longa permanência

Segundo dados do IBGE, desde 2010 o Brasil teve um aumento de 56% na população de idosos. Atualmente mais de 161 mil idosos vivem institucionalizados, destes a maioria são mulheres. Com uma população crescente e potencialmente exposta a situações de vulnerabilidade, a pesquisadora se preocupa em como as políticas públicas do país podem contornar a situação.

“A PNS dá um o muito importante em proporcionar dados que se referem à pessoa idosa, mas os números já coletados podem ser ainda mais alarmantes. Ainda não foi possível coletar dados a respeito de pessoas em instituições de longa permanência, onde vive uma população idosa ainda mais vulnerável”, destacou.

Mesmo com a falta de levantamentos sobre os idosos institucionalizados, a preocupação se demonstra válida em registros. Em um caso recente, um lar de idosos foi interditado devido à péssima condição sanitária, o que resultou na morte de duas idosas. Outros casos semelhantes não são incomuns, ocasionalmente também acarretando em falecimentos.

Com estas preocupações e os resultados da pesquisa que chamam atenção para a população crescente de idosos junto a violência, Fabiana entende que os idosos precisam receber atenção e estar centralizados nas políticas públicas, e que é indiscutível a necessidade de criar métodos efetivos que atuem na redução das desigualdades sociais, especialmente as relacionadas ao gênero.

Isto além de incentivar o envelhecimento ativo e saudável, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida. “É fundamental promover ações e estratégias para o enfrentamento e prevenção da violência, bem como atentar para o cumprimento dos direitos contidos no Estatuto da Pessoa Idosa”, concluiu a pesquisadora.

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